quarta-feira, 28 de abril de 2010

RESUMO

“Uma visão argumentativa da gramática: os operadores argumentativos"

KOCH, I. G. V. Uma visão argumentativa da gramática: os operadores argumentativos. In: _____. Argumentação e linguagem. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1993. p. 104-110.

A tese de Ducrot, Anscombre e Vogt defende a idéia de que a argumentatividade não é apenas algo acrescentado ao uso lingüístico, mas sim que está inscrita na própria língua. Defendem que o uso da linguagem é inerentemente argumentativo. Essa argumentatividade está inscrita na própria língua, sendo evidenciada através da presença dos operadores argumentativos ou discursivos. Para eles, a própria gramática possui um valor argumentativo. Os operadores argumentativos realizam encadeamentos entre os enunciados do texto com o objetivo de levar o interlocutor a ter alguns tipos de conclusões, em detrimento de outras. E são eles também que determinam o valor argumentativo dos enunciados. Muitos destes operadores argumentativos são morfemas que a gramática tradicional chama de conectivos, e que possuem funções relacionais dentro das frases. Em outros casos, os operadores argumentativos são vocábulos que não se encaixam em nenhuma das dez classes gramaticais. Podemos citar como exemplos desses operadores argumentativos: ainda, já, aliás, mas, contudo, embora, inclusive, mesmo, até mesmo, ao menos, pelo menos, no mínimo, pouco, um pouco, nada, nenhum, tudo, todos, também, nem, entre outros. Todos os operadores argumentativos que encontramos nos textos fazem parte da gramática da língua, o que nos leva a concluir pela existência de relações argumentativas inscritas na própria língua, o que conseqüentemente, nos leva a postular a argumentação como ato lingüístico fundamental. Infelizmente, e talvez até mesmo por questões ideológicas, as gramáticas publicadas e o ensino da língua materna têm desprezado o valor dos operadores argumentativos, sendo que grande parte da força argumentativa de um texto está na dependência dos mesmos deles. Dessa forma, é fundamental que os usuários da língua se conscientizem do valor argumentativo desses os operadores argumentativos e que aprendam a observá-los no discurso do outro, bem como a empregá-los com eficácia em seu próprio discurso.

sábado, 10 de abril de 2010

Que o exemplo de Fernando Pessoa venha animar nossos espíritos

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: "Navegar é preciso; viver não é preciso."
Quero para mim o espírito desta frase, transformada a forma para a casar com o que eu sou:
"Viver não é necessário; o que é necessário é criar."
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a minha alma a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho na essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade.
(Fernando Pessoa)